quarta-feira, 16 de fevereiro de 2011

Curar a ludopatia com jogos de vídeo


Uma equipa de especialistas do Hospital Universitário de Bellvitge desenvolveu um jogo de vídeo interactivo, para computador, que tem como objectivo tratar pacientes com transtornos alimentares e ludopatia (quem sofre de um desejo irrefreável pelo jogo). Os testes envolveram 60 pessoas (30 são pacientes de controlo) e foram positivos. O jogo Island, foi desenvolvido durante quatro anos, sob a chancela do consórcio europeu PlayMancer, formado por cientistas e técnicos de seis países.

Até agora, já foram utilizadas diferentes novas tecnologias (telemóveis, internet e a realidade virtual) como ferramentas complementares para o tratamento de transtornos mentais afectivos e de ansiedade, alimentares, hiperactividade, abuso de substâncias ou demências, mas também para doenças como o cancro, dor crónica e reabilitação motora. No entanto, é a primeira vez que é criado uma tecnologia especificamente para ser integrada em terapias psicológicas e para interagir com as emoções do paciente através de biossensores.
O cenário do jogo, segundo referem os primeiros ensaios, é adequado a determinados estados emocionais e a pessoas com transtornos alimentares, assim como jogadores patológicos, mas também interfere com a raiva e o aborrecimento. Nestes casos, o transtorno acaba por ser uma componente compulsiva.
O tratamento visa melhorar a forma como se manejam as emoções negativas, as capacidades de planeamento e a valorizar consequências, assim como lidar com o stress, através de auto-controlo emocional, com pensamentos alternativos.


Não pode ser a qualquer preço
A terapia dura quatro meses e cada sessão de jogo dura em média 20 a 30 minutos, com supervisão médica. Os pacientes podem ter entre 18 e 35 anos e ao logo do jogo, os biossensores registam reacções fisiológicas (pulsação, respiração) e expressões faciais ou o tom da voz.
Pretende-se que o paciente consiga sair da ilha, mas que não o faça a qualquer preço, ou seja, tem de terminar o jogo em menos tempo possível, mas de forma a aprender a controlar impulsos negativos, stress e frustração. Uma das fases, prevê que o jogador mergulhe no mar e à medida que vai ficando mais nervoso a barra de oxigénio vai baixando. Nesse caso, o paciente deve relaxar, respirar fundo e desenhar uma constelação no céu.
A bulimia nervosa, por exemplo, pode ter uma taxa de sucesso de recuperação de 65% dos pacientes, mas o uso complementar destes vídeos pode aumentar a sua eficácia.

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