Uma equipa de especialistas do Hospital Universitário de Bellvitge desenvolveu um jogo de vídeo interactivo, para computador, que tem como objectivo tratar pacientes com transtornos alimentares e ludopatia (quem sofre de um desejo irrefreável pelo jogo). Os testes envolveram 60 pessoas (30 são pacientes de controlo) e foram positivos. O jogo Island, foi desenvolvido durante quatro anos, sob a chancela do consórcio europeu PlayMancer, formado por cientistas e técnicos de seis países.
Até agora, já foram utilizadas diferentes novas tecnologias (telemóveis, internet e a realidade virtual) como ferramentas complementares para o tratamento de transtornos mentais afectivos e de ansiedade, alimentares, hiperactividade, abuso de substâncias ou demências, mas também para doenças como o cancro, dor crónica e reabilitação motora. No entanto, é a primeira vez que é criado uma tecnologia especificamente para ser integrada em terapias psicológicas e para interagir com as emoções do paciente através de biossensores.
O cenário do jogo, segundo referem os primeiros ensaios, é adequado a determinados estados emocionais e a pessoas com transtornos alimentares, assim como jogadores patológicos, mas também interfere com a raiva e o aborrecimento. Nestes casos, o transtorno acaba por ser uma componente compulsiva.
O tratamento visa melhorar a forma como se manejam as emoções negativas, as capacidades de planeamento e a valorizar consequências, assim como lidar com o stress, através de auto-controlo emocional, com pensamentos alternativos.
Não pode ser a qualquer preço
A terapia dura quatro meses e cada sessão de jogo dura em média 20 a 30 minutos, com supervisão médica. Os pacientes podem ter entre 18 e 35 anos e ao logo do jogo, os biossensores registam reacções fisiológicas (pulsação, respiração) e expressões faciais ou o tom da voz.
Pretende-se que o paciente consiga sair da ilha, mas que não o faça a qualquer preço, ou seja, tem de terminar o jogo em menos tempo possível, mas de forma a aprender a controlar impulsos negativos, stress e frustração. Uma das fases, prevê que o jogador mergulhe no mar e à medida que vai ficando mais nervoso a barra de oxigénio vai baixando. Nesse caso, o paciente deve relaxar, respirar fundo e desenhar uma constelação no céu.
A bulimia nervosa, por exemplo, pode ter uma taxa de sucesso de recuperação de 65% dos pacientes, mas o uso complementar destes vídeos pode aumentar a sua eficácia.
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