Centro fica a 20 quilómetros da sede da Microsoft
Quem é que está online? ReSTART! Não, não significa que deva reiniciar o computador, mas é o nome de uma recente instituição que prevê ajudar aqueles que não largam o teclado. O uso compulsivo da Internet pode apresentar-se como um vício sério, nocivo e que pode entrar em conflito com a vida pessoal, profissional, social, e até com a saúde.
Por isso, a 20 quilómetros da sede da Microsoft, em Redmond, Washington (EUA), abriu recentemente uma clínica que oferece um programa de cura intensiva (Internet Addiction Recover Program), durante 45 dias, para os dependentes em jogos de vídeo e na World Wide Web.
Por isso, a 20 quilómetros da sede da Microsoft, em Redmond, Washington (EUA), abriu recentemente uma clínica que oferece um programa de cura intensiva (Internet Addiction Recover Program), durante 45 dias, para os dependentes em jogos de vídeo e na World Wide Web.
Pacientes têm terapia com animais
Neste preciso momento, enquanto lê este artigo – e após já estar ligada à rede há umas horas –, poderá até estar a enviar um SMS (Short Message Service) e a ouvir uma música da sua biblioteca digital, enquanto acaba de twittar um texto. Serão estes sinais de dependência ou mera necessidade?
As novas instalações, envoltas por um ambiente bucólico, oferecem aconselhamento e psicoterapia aos interessados e caso respondam sim a mais de cinco das questões colocadas na página da clínica. Contudo, esta terapia não é para todos: pode ultrapassar os 9670 euros. Mas, os candidatos entre os 18 e 28 anos, com dificuldades financeiras, podem concorrer a uma bolsa que cobre parte do valor – até 3500 euros.
O «Ciência Hoje» preencheu o questionário, no entanto, o resultado não é obtido de imediato, ficando apenas registado na base de dados da clínica – que tem o acesso exclusivo. Segundo os dados, 50 por cento das pessoas respondem afirmativamente a mais de cinco perguntas.
A missão da ReSTART passa por “ajudar adultos viciados a se desprenderem das distracções high-tech, encontrar equilíbrio e religá-los ao mundo real”, assim se lê no site da instituição.
O programa consiste em ficar um mês e meio sem qualquer contacto com o mundo tecnológico e participar em diferentes actividades ao ar livre, assim como, cuidar de animais (gatos, cordeiros, bezerros, etc.). Os candidatos terão a possibilidade de explorar competências vocacionais e praticar desporto. O processo desenrola-se em grupo e individual e também prevê educação nutricional.
Overdose de internet
“Olá, o meu nome é Catarina (nome fictício) e sou viciada na Internet”. Como qualquer programa de tratamento de dependências, cada um dos participantes deverá seguir os 12 passos recomendados até chegar à recuperação e o primeiro é admitir que tem um problema.
Já existem vários registos de jovens e adultos que tenham morrido de exaustão em frente ao computador. Recorde-se que, em 2005, um sul-coreano de 28 anos que jogou durante perto de 50 horas online, sucumbiu por exaustão, vítima de ataque cardíaco. Segundo relatos de testemunhas, na altura, o jogador apenas fazia pequenas pausas para ir à casa-de-banho e dormir uns minutos.
Ainda em 2002 foi reportada a “overdose de internet” do taiwanês Wen-cheng, 27 anos, que iniciou uma jornada num cibercafé, por volta das 10h30 de uma quinta-feira até às 7h do sábado seguinte. O funcionário do estabelecimento encontrou-o no chão, com o nariz a sangrar. Wen-cheng faleceu minutos depois.
Peter Watson explicou ao site de notícias «Vnunet.com» que jogar por períodos tão longos e sem dormir provoca no corpo um stress considerável, para além da fadiga. "Dependendo do jogo, o cérebro fica com a impressão de estar constantemente sob ameaça, com medo de ser atacado", disse.
A dependência
O psicólogo clínico e psicoterapeuta português Vítor Soares, escreve no seu blog que “existe vício/dependência quando o uso de uma substância ou a repetição de um comportamento se tornam compulsivos substituindo actividades desejáveis e saudáveis e produzindo alterações de comportamento prejudiciais ao próprio ou terceiros”.
E acrescenta: “A ciberdependência já é conhecida como patologia. Consiste na perda da capacidade para controlar o tempo gasto online e as suas vítimas perdem cada vez mais horas a navegar, em prejuízo de boa parte da sua vida afectiva, laboral e social”.
A Pontifícia Universidade Católica de São Paulo (Brasil) trata pacientes com problemas de dependência por linhas diferenciadas e uma delas aborda o vício da Internet. O grupo de investigação desta instituição trabalha com assuntos relacionados com tecnologia desde 1995. Os casos variam de acordo com a época, mas a maior parte está relacionada com traições on-line, jogos digitais e, o excesso de tempo que pessoas passam em rede.
O próximo programa da ReSTART começa a dia 12 de Outubro. Os interessados poderão confirmar as datas “online”, para saber como chegar lá basta consultar o “mapa na página Web”, ou pedir informações por “E-mail”, fazer uma “visita virtual” e ainda seguir as novidades no Facebook ou no Twitter. Pelo menos, é sempre uma boa desculpa para se manterem na internet até ao final…
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